Reações ao vídeo de Roberto Alvim foram imediatas e contundentes - Rádio Liberdade FM Online

Reações ao vídeo de Roberto Alvim foram imediatas e contundentes

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As reações ao discurso de Roberto Alvim, demitido da Secretaria de Cultura, foram imediatas e muito contundentes. Logo depois da publicação do vídeo começaram as críticas. Representantes de diversos setores da sociedade civil pediram a demissão dele.

O dia começou sob impacto das críticas. Antes de sair do Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro ligou para o secretário Roberto Alvim. Ouviu que a relação do discurso feito por ele com o de Goebbles tinha sido uma coincidência e aceitou as explicações. Mas à medida que o dia a manhã foi passando, as reações foram crescendo.

As primeiras críticas chegaram do Congresso. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, logo cedo pediu a demissão de Alvim: “O secretário da Cultura passou de todos os limites. É inaceitável. O governo brasileiro deveria afastá-lo urgente do cargo”.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou: “Descabido e infeliz pronunciamento de assombrosa inspiração nazista do secretário de Cultura, Roberto Alvim. Como primeiro presidente judeu do Congresso nacional, manifesto veementemente meu total repúdio a essa atitude e peço seu afastamento imediato do cargo. É totalmente inadmissível, nos tempos atuais, termos representantes com esse tipo de pensamento. E, pior ainda, que se valha do cargo que eventualmente ocupa para explicitar simpatia pela ideologia nazista”.

No Judiciário, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, disse: “Há de se repudiar com toda a veemência a inaceitável agressão que representa a postagem feita pelo secretário de Cultura. É uma ofensa ao povo brasileiro, em especial à comunidade judaica”.

O ministro Gilmar Mendes afirmou: “A riqueza da manifestação cultural repele o dirigismo autoritário nacionalista. A arte é, na sua essência, transformadora e transgressora”.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, declarou: “A única ideologia política admissível no Brasil é a democracia participativa, que tem como princípio fundante a liberdade de expressão. Ideias nazifascistas são totalitárias e destroem a democracia, daí porque, nesta excepcionalidade, a liberdade de expressão pode ser relativizada”.

O governo alemão e entidades ligadas à comunidade judaica no Brasil condenaram veementemente o discurso de Alvim.

A embaixada da Alemanha no Brasil declarou: “O período do nacional-socialismo é o capítulo mais sombrio da história alemã, trouxe sofrimento infinito à humanidade. A Alemanha mantém a sua responsabilidade. Opomo-nos a qualquer tentativa de banalizar ou mesmo glorificar a era do nacional-socialismo”.

A Confederação Israelita do Brasil disse: “O Brasil, que enviou bravos soldados para combater o nazismo em solo europeu, não merece isso. Uma pessoa com esse pensamento não pode comandar a cultura do nosso país e deve ser afastada do cargo imediatamente”.

A Federação Israelita do estado de São Paulo e o Museu do holocausto, em Curitiba, também condenaram as declarações de Alvim.

A sociedade também reagiu. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) disse que Alvim fez “referências claras a uma pessoa que promoveu o genocídio, a divisão racial” e que “a cultura brasileira não pode conviver com quem tem pensamento vinculado ao passado sombrio da história da humanidade”.

O presidente do Senado fez questão de falar com Bolsonaro. Por telefone repetiu que o caso era de demissão. Bolsonaro alegou que se tratava de uma reação de esquerda. Alcolumbre rebateu os argumentos, alertando o presidente que Alvim havia usado frases de um nazista.

Bolsonaro se convenceu e afirmou que mandaria Alvim embora. Foi uma guinada, porque, até então, a resposta oficial do Palácio do Planalto havia sido: “Não vamos comentar”. Mas, internamente, ministros, assessores e apoiadores insistiam com o chefe que a situação estava insustentável.

A essa altura, Alvim estava dando entrevistas e foi aí que recebeu a ordem de Bolsonaro para ir imediatamente ao Planalto. O momento foi flagrado pelo jornal “O Globo”, que aguarda pela entrevista dele.

Mas Bolsonaro não quis receber Alvim. Saiu do palácio e foi almoçar no Clube Naval. Coube aos ministros da Casa Civil, da Secretaria de Governo e da Secretaria Geral cuidar da demissão. Mas quem anunciou que Alvim estava sendo mandado embora foi o próprio presidente, que assinou uma nota, dizendo:

“Comunico o desligamento de Roberto Alvim da Secretaria de Cultura do governo. Um pronunciamento infeliz, ainda que tenha se desculpado, tornou insustentável a sua permanência. Reitero nosso repúdio às ideologias totalitárias e genocidas, bem como qualquer tipo de ilação às mesmas. Manifestamos também nosso total e irrestrito apoio à comunidade judaica, da qual somos amigos e compartilhamos valores em comum”.

Depois, em rede social, Bolsonaro acrescentou repúdio ao nazismo e ao comunismo.

Alvim ainda tentou fazer parecer que ele havia pedido para sair. Postou em rede social que: “Tendo em vista o imenso mal-estar causado por esse lamentável episódio, coloquei imediatamente o meu cargo à disposição do presidente Jair Bolsonaro, com o objetivo de protegê-lo”.

Tudo isso repercutiu mundo a fora. O jornal britânico “The Guardian” noticiou: “Secretário de Cultura do Brasil é demitido após ecoar palavras do nazista Goebbels”.

O site da BBC afirmou que o ministro da Cultura do Brasil foi demitido por usar partes de um discurso do chefe da propaganda nazista Joseph Goebbels num vídeo o que foi considerado uma afronta.

O alemão “Der Spiegel” disse que a estética do vídeo do secretário brasileiro, o tom da palestra e a música de fundo também lembraram aos brasileiros a propaganda nazista.

O israelense “Haaretz” destacou: “Brasil demite secretário da Cultura após vídeo ecoar Goebbels”.

E o americano “The New York Times” afirmou que o principal funcionário da cultura do Brasil foi demitido por discursar evocando propaganda nazista.

No fim do dia, o presidente Bolsonaro convidou a atriz Regina Duarte para assumir a Secretaria de Cultura. Ela disse que vai pensar e responder ao presidente até segunda-feira (20).

[Por: R. Amaral | Fonte: G1 | 18/01/2020]