Infectologista recomenda cautela com ‘soluções milagrosas’ contra o coronavírus

A médica infectologista e assessora técnica do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Adielma Nizarala, recomendou cautela em relação às “soluções milagrosas” contra o coronavírus. Na manhã de hoje (22), ela afirmou que vacinas e remédios indicados para o combate aos efeitos do vírus ainda não têm eficácia comprovada, a exemplo da hidroxicloroquina.

“A ciência está trabalhando, temos algumas drogas que foram testadas em pequena escala, com sucesso, mas não podemos replicar em grande escala porque não há certeza suficiente. Temos outras seis, oito drogas, sendo testadas, vacinas sendo testadas, mas temos muita preocupação porque o estudo de uma vacina é um estudo demorado. Os testes têm que acontecer, porque uma vez que alguém diga que vai usar, ela será usada em escala mundial. E se houver grandes efeitos colaterais, será um prejuízo para a humanidade. Então isso requer estudos. Temos que ter muito cuidado com as soluções milagrosas”, pontuou.

Questionada por Mário Kertész sobre as medidas que as populações mais pobres podem tomar para evitar a contaminação pelo coronavírus, Adielma afirmou que esse é um tema que preocupa a todos. “Se a gente conseguir fazer uma medida de isolamento domiciliar que as pessoas entendam isso, a velocidade que vai chegar na periferia vai ser menor. Chegando na periferia, a ideia seria uma conscientização maior em relação à higienização. Eu sei que vai ter situações que nem vai ter espaço para distanciamento, então nesses casos seria necessário usar máscaras, lavar as mãos, e vêm uma série de outros problemas, como falta de água. Tivemos falta de água por alguns dias em Salvador na semana passada, e isso nos preocupa muito porque no momento precisamos obrigatoriamente ter esse recurso. Alguns dias, no caso de uma pandemia, são algo muito importante”, afirmou.

Ainda segundo Adielma, todos serão afetados psicologicamente pela situação, o que reforça a necessidade de somar forças. “Nem todo mundo tem acesso a um psicólogo, psiquiatra, para fazer um atendimento por telefone. É o momento de somar forças”, disse.

[Por: R. Amaral | Fonte: Metro1 | 22/03/2020]