Rede básica frágil amplia espera de atendimento - Rádio Liberdade FM Online

Rede básica frágil amplia espera de atendimento

Responsável por duas Unidades de Pronto Atendimento em Saúde (UPAS) e sete policlínicas – centros de saúde transformados pela prefeitura em serviço de urgência –, o município de Feira de Santana (a 115 km de distância de Salvador), padece de um mal comum a outras cidades do interior do País: as filas de pacientes à espera de internamento.

Alvo de uma operação que desarticulou, no final do ano passado, um esquema de desvio de recursos no valor de R$ 100 milhões, entre 2016 e 2017 (ver a matéria abaixo), o atendimento básico é crítico, o que tem levado a população a superlotar as policlínicas municipais e as UPAs. É o caso da agricultora rural Maria Valdete, 50 anos, que saiu do distrito São José buscar em busca de atendimento médico para o neto Davi, 3 anos, na UPA de Queimadinha. “O serviço no posto de saúde do distrito é muito ruim. Sempre que precisamos de atendimento é para cá que corremos”, disse Valdete.

A mesma reclamação é feita pelo professor Taylan Santana, morador do bairro Feira X. “O atendimento é básico é muito ruim. Faltam médicos especialistas e plantonistas, as consultas são agendadas para o atendimento acontecer com meses de demora. Na hora do sufoco temos que correr para emergência, que está sempre lotada”, ressaltou.

Valdete disse que o posto de saúde da zona rural é ruim
Valdete disse que o posto de saúde da zona rural é ruim

Demanda

Inaugurado em abril do ano passado, o fluxo de atendimento mensal na UPA de Queimadinha é o dobro da meta estipulada. “Nossa meta é de 4.500 atendimentos mensais, mas hoje atendemos mais de 8 mil pacientes. As pessoas não procuram o posto de saúde do bairro, seguem direto para a UPA. Por isso, às vezes, o atendimento demora, mas aqui todo mundo é atendido e temos feito de tudo para ofertar o melhor serviço possível”, informou João Carlos, administrador da UPA.

A enfermeira Evani Cerqueira, coordenadora municipal das policlínicas e UPAs, pontuou que o número de policlínicas e UPAs são suficientes para atender a demanda do município.

“Temos conseguido atingir as necessidades da população. A cada 100 mil habitantes é preciso ter uma unidade no porte das policlínicas e UPAs. Temos hoje 600 mil habitantes, então, as nove unidades estão dentro da média”, frisou.

A enfermeira declarou que as policlínicas municipais realizaram 194.087 procedimentos infantil e adulto, de janeiro a junho deste ano. No mesmo período, foram realizadas 34.057 consultas.

Atendimento na UPA de Queimadinha dobrou
Atendimento na UPA de Queimadinha dobrou

Atenção primária

Quanto à atenção básica, que tem sido o ponto crítico e o alvo das reclamações dos usuários, a secretária municipal de Saúde, Denise Mascarenhas, informou que o município tem uma cobertura de 70,98% e salientou que “a atenção primária à saúde é a porta de entrada prioritária para a assistência aos usuários”.

Sobre a demora para conseguir consulta com especialistas, falou que este fato não é exclusividade de Feira de Santana e que foi realizado um edital de convocação de médicos para ampliação do serviço, mas não se obteve sucesso.

Hospital municipal

A crescente procura por atendimentos nas policlínicas municipais e UPAs, tem ocasionado uma fila de pacientes à espera de internação. Com problemas cardíacos, o aposentado José Moraes, 67 anos, aguardava por transferência, deitado em uma maca improvisada na policlínica municipal do bairro Feira X. “Ele está bem melhor. Agora estamos aguardando uma vaga em algum hospital”, disse a esposa de José, Eunice Moraes, 64 anos.

De acordo com a coordenadora municipal das policlínicas e UPAs, esse problema se arrasta por algum tempo. “Já tivemos pacientes que ficaram 15 dias, até 60 dias internados. A transferência depende do sistema de regulação, que é controlado pelo Estado”, justificou.

A construção de um hospital municipal tem sido apontada como uma das soluções para ajudar a resolver o problema da regulação, mas o poder público municipal pondera a falta de recursos financeiros para a execução da obra.

“Vale observar que apenas há pouco tempo a capital do Estado passou a contar com um hospital municipal. Hoje, Feira de Santana possui um Hospital Municipal da Mulher, mantido pela Prefeitura, há mais de 20 anos, e atende a mais de 70 municípios na área da obstetrícia. Um hospital de referência”, concluiu a secretária Denise Mascarenhas.

[Por: R. Amaral | Fonte: R. Amaral | 08/09/2019]