Aluno denunciado por racismo contra professora da UFRB tentou entrar na universidade através de cotas raciais - Rádio Liberdade FM Online

Aluno denunciado por racismo contra professora da UFRB tentou entrar na universidade através de cotas raciais

Professora da URFB denuncia racismo  de aluno que recusou receber prova em sala de aula — Foto: Reprodução/TV Bahia

O estudante do curso de Ciências Sociais, Danilo Araújo de Góis, denunciado por racismo contra uma professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) tentou entrar na universidade através de cotas raciais. A informação foi confirmada ao G1 pela assessoria da instituição.

Segundo a UFRB, o pedido do estudante foi feito durante o vestibular de 2018.2, mas acabou indeferido. Danilo Góis, que está no 3° semestre, entrou na universidade através de um processo seletivo para vagas residuais, onde concorreu na modalidade de ampla concorrência.

A professora da UFRB Isabel Cristina Ferreira dos Reis denunciou à Polícia Civil que sofreu racismo durante a aplicação de provas, dentro do campus da instituição, na cidade de Cachoeira, na noite de segunda-feira (9). O caso é investigado.

A ação foi gravada por estudantes que estavam dentro da sala de aula. As imagens mostram Danilo Araújo de Góis se recusando a pegar a prova na mão da professora e pedindo que ela colocasse o exame em cima da mesa para que ele pudesse pegar.

O vídeo ainda mostra que a coordenadora do curso fala para a professora que é um direito dela continuar na sala sem o aluno. “A senhora, professora, se sente confortável em condições de prosseguir a avaliação com o estudante na sala? Porque é seu direito [que ele saia da sala]”.

Após a pergunta, a professora diz que não tem condições de aplicar a prova para o aluno e ele é convidado pela coordenadora a sair da sala.

“Então, eu acho que a gente, eu como coordenadora do colegiado do curso de história, aqui diante de membros do colegiado, convido o estudante que saia da sala. Peço aos colegas que se colocarem à disposição, nós vamos convocar vocês para servir como testemunhas”, diz a coordenadora do curso.

Em entrevista ao G1, a professora do curso de Licenciatura em História, disse que Danilo pega a matéria dela, História do Brasil no Século XIX, como optativa, e que neste semestre foi a primeira vez que ele foi seu aluno.

Ela revelou ainda que os estudantes já tinham contado que ele não gostava de encostar em pessoas negras e homossexuais e que, além disso, ele se recusava a pegar qualquer coisa na mão de pessoas negras.

Professora denunciou aluno da UFRB por racismo — Foto: Reprodução/TV Bahia

Professora denunciou aluno da UFRB por racismo — Foto: Reprodução/TV Bahia

A professora relembrou que durante uma aula, neste semestre, o estudante chegou a dizer que os negros era preguiçosos e fediam.

Na terça-feira (10), um estudante tentou invadir o quarto de Danilo com um pedaço de pau na mão. O aluno, que não teve o nome revelado, tentou invadir o quarto de Danilo na residência universitária localizada na cidade de São Félix, vizinha a Cachoeira.

Investigação

Segundo a polícia, o estudante do curso de Ciências Sociais, Danilo Araújo de Góis, esteve na Delegacia de Cachoeira e relatou que foi vítima de preconceito, porque os estudantes não deixaram ele se explicar e o chamaram de racista. Ele registrou um boletim de ocorrência e foi liberado. A professora Isabel Cristina Ferreira dos Reis também registrou o caso na delegacia.

Em nota, a UFRB informou que repudia a atitude do estudante para com a professora e outros alunos do Centro de Artes, Humanidades e Letras, em Cachoeira.

A instituição também informou que criou uma comissão para apurar as denúncias encaminhadas por estudantes e professores do Centro de Artes, que informam ter presenciado outras manifestações de preconceito racial, de gênero e de homofobia por parte do estudante.

A comissão abriu um processo administrativo, que tramitará de acordo com as normas previstas no regimento da UFRB. O estudante pode ser penalizado com advertência verbal, repreensão escrita, suspensão de 30 dias, suspensão de 90 dias e desligamento da Universidade.

De acordo com a UFRB, a instituição está tomando as medidas administrativas e jurídicas cabíveis para contribuir com a apuração dos fatos ocorridos.

[Por: R. Amaral | Fonte: G1 | 11/12/2019]